O plenário Amynthas de Barros transbordou de amor e carinho na noite de 17 de julho, uma quarta-feira. Foi o dia da cidade de Belo Horizonte dar o título de cidadã honorária a Magda Fonseca Coutinho, fundadora e superintendente geral da Associação Querubins. Ela nasceu em Fortaleza (CE), mas foi criada na capital mineira e atua vigorosamente para que crianças e adolescentes de comunidades carentes tenham oportunidade de um futuro digno e pleno. Magda Fonseca Coutinho, a mais nova belo-horizontina, é conhecida carinhosamente como “tia Magda”, pelos assistidos da Associação Querubins e membros das comunidades da Vila Acaba Mundo e Morro do Papagaio, onde a instituição atua há 30 anos.
Na mesa de honra da solenidade, ocorrida na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), estiveram presentes as pessoas mais representativas no universo da Associação Querubins, além da homenageada e do vereador Sérgio Fernando, propositor do título. Foram eles: As filhas Giovanna e Ana Paula Coutinho, a ex-aluna da Associação Querubins, Taciana Ramalho Rodrigues, os ex-presidentes da instituição, Djaniro Silva e Mirian Pederneiras, o atual presidente, Fábio Martins de Araújo Costa, o diretor, e irmão de Magda, José Alberto Coutinho.
A primeira a discursar foi a ex-aluna da Associação Querubins, Taciana Ramalho Rodrigues, destacando a importância da entidade para empoderar, dar voz, espaço, e oportunidades para que todos se tornem heróis de suas próprias jornadas. ”Ao nomear Magda como cidadã honorária de Belo Horizonte, celebramos, além de sua trajetória, o intuito que ela teve em nossa cidade, seu trabalho incansável, sua dedicação e, acima de tudo, sua habilidade em instigar mudanças profundas e significativas, sempre respeitando cada voz que cruza seu caminho”, disse Taciana. Ela enfatiza que “tia Magda”, como fundadora da Associação Querubins, é um símbolo de esperança e transformação para tantos. “Sua visão, seu amor, sua coragem, têm moldado um futuro melhor para a nossa cidade e nós nos orgulhamos imensamente de tê-la como nossa cidadã.”
O diretor da Associação Querubins, José Alberto Coutinho, enfatizou que Magda fez de uma pequena luz a transformação da vida de muitas pessoas. “Essa palavra “transformação”, para mim, é um dos motes desse modelo de sociedade justa, que dá oportunidade a todas as pessoas que a procuram. Outra principal palavra que eu acho que norteou toda essa linha da Magda é o amor ao próximo, especialmente àquelas pessoas que não tiveram condição de seguir um curso normal da vida. Hoje, a Querubins é um exemplo para toda a cidade e agradeço a essa justa homenagem dada pelo vereador Sérgio Fernando”.
Segundo ele, a família sempre viu na “tia Magda” um exemplo de carinho, de abnegação, de determinação. “Não existe obstáculo para a Magda, ela tira água de pedra, consegue fazer um pedaço de sapato virar uma sapataria, é impressionante! E com essa determinação, ela é norteada para o amor ao próximo”, ressaltou José Alberto, que é diretor da associação.
Solenidade repleta de homenagens feitas pela Associação Querubins
Como não poderia deixar de ser, não apenas pelo carinho a “tia Magda”, mas pelo talento dos educandos da Associação Querubins, o público presente à solenidade foi premiada com diversas atrações. Educandos tocaram, em delicadas marimbas de vidro, as músicas “Tuê, Tuê” e “O Trenzinho do Caipira”. Também foi apresentado um vídeo institucional contando a história da Associação Querubins.
Um dos momentos altos da solenidade foi a apresentação do filho da homenageada, o cantor Podé, ex-vocalista da Banda Tia Nastácia. Ele apresentou a música “O Sol”, que foi acompanhada pelo público. A escolha da composição foi na intenção de comparar o trabalho da mãe com o significado da letra, que enfatiza a coragem: “e se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou”.
Fechando a solenidade, a explosão da batida dos tambores ecoou pelo plenário Amynthas de Barros, com a percussão dos educandos em ritmo contagiante. Finalmente, a suavidade da poesia “Chama”, de autoria de Alex Diego Santos, lida pela educanda Maria Luiza Carvalho, foi mais uma das homenagens para Magda Coutinho.
Como começou a Associação Querubins
A história de Magda Coutinho, relacionada à Querubins, começou de um pequeno exemplo de ação na Praça JK, que acabou por transformar uma praça completamente abandonada, com árvores em estado de saúde comprometido, em um ambiente agradável, como veio se tornar depois. Há mais de 30 anos, quando caminhava pela praça, em um momento difícil de sua vida, Magda encontrou crianças e propôs a elas que cada uma cuidasse de uma árvore como sua e a fizesse crescer. Entregou a cada menino uma árvore e uma garrafa pet com água gotejando, de forma que as árvores secas foram gradativamente recuperadas e os meninos resgatados por um grande amor, que se transformou em projeto social e, a partir daí, na Associação Querubins.
Depois de receber o diploma de cidadania honorária, a “tia Magda” discursou e causou emoção nos convidados. Na condição de cidadã honorária e fundadora da Associação Querubins, ela fez muitos agradecimentos, sendo um deles à família, especialmente aos próprios filhos que abriram mão da mãe em favor de outras crianças. “Sei que não foi fácil para eles, mas respeitaram a minha decisão e se tornaram parceiros. Meus irmãos também abraçaram a causa. Reverencio, com muita emoção, a minha irmã Maria do Carmo, que hoje é uma estrela que ilumina o nosso caminho.” Tia Magda também enfatizou a importância da associação em sua vida: “Não sei mais quem sou eu e quem é o Querubins”.
Ela se lembrou da família Pentagna Guimarães, a quem agradeceu pela cessão, em comodato, do terreno de 10 mil metros, há 26 anos, e é onde funciona a Associação Querubins desde os primeiros anos. O terreno se transformou em um lar para as crianças e hoje, nas palavras de “tia Magda”, o local foi transformado “em um paraíso para as crianças e para todos nós que lá trabalhamos”. Atualmente várias empresas apoiam a associação e muitas outras ajudaram a construir espaços necessários para as atividades com as crianças e adolescentes.
Sérgio Fernando, na condição de proponente do título a Magda Coutinho, lembrou algumas passagens da vida de “tia Magda”, que ilustra a personalidade da homenageada. Comparou a atuação dela com a essência de seu trabalho como vereador, baseados em fé, família, justiça e Beagá. “Percebe-se que a senhora é uma pessoa na família. Não só na família biológica, mas que a foi construída nestes 30 anos. Justiça social é o que senhora promove cotidianamente e Beagá, que é a cidade que hoje te recebe como filha, de forma oficial. E finaliza: “não é a senhora que tem que se orgulhar por ser cidadã de Belo Horizonte. É Belo Horizonte que tem que se orgulhar por ter como filha uma cidadã como a senhora”.